Sobre o meu intercâmbio (parte I)

A primeira vez que pisei tão longe de casa foi para morar fora por seis meses, então nada mais justo do que começar contando um pouco sobre essa experiência. Como tem muuuuita coisa pra contar a esse respeito, vou começar pela parte burocrática: Como fazer o intercâmbio!!

A princípio é importante ressaltar que existem inúmeras possibilidades de fazer essa viagem. No meu caso, por exemplo, que estudei na UFF, tinha a bolsa de mobilidade acadêmica (oferecida pela própria UFF), a bolsa Santander, o programa Ciências sem Fronteiras, enfim, vários programas diferentes aos quais você pode concorrer. Sim, concorrer. Apesar de todo o seu esforço pessoal, pode acontecer de você não conseguir, afinal são poucas vagas para muitos jovens que assim como você querem ir para outro país. Aí entra aquela pitadinha de sorte, Deus, destino ou o que você acreditar.

Apesar da diversidade de programas, algumas coisas possivelmente sejam um denominador comum entre eles, algumas coisinhas chatas que você deve providenciar. No caso da UFF, ter CR acima de 6,0, ter concluído no mínimo 20% e no máximo 80% da grade curricular e não estar com a matrícula trancada são pré requisitos. Você deve ainda providenciar algumas documentações como comprovante de que fala uma língua estrangeira (caso vá para um país que não use a sua língua), o histórico escolar, o link do currículo lattes http://lattes.cnpq.br/, uma carta de apresentação mostrando as suas intenções e um formulário socioeconômico que fica disponível no site.

No fundo no fundo, acho muito difícil saber se existe uma condição específica pré definida para dizer se uma pessoa será aprovada ou não. No meu caso, houve uma reunião para você basicamente falar sobre os documentos que levou comprovando a sua situação econômica, comprovante de renda, imposto de renda, tudo o que comprovasse o que você assinalou no formulário. Particularmente, acredito que eles procurem um meio termo entre o não muito pobre a ponto de só depender da bolsa e o não muito rico que possa ir sem ela.

Como já falei no outro post, eu estudei em Portugal, na Universidade de Lisboa. Na época, não falava inglês então essa era minha única opção por falar a língua do país, o que não foi um problema pra mim, tendo em vista que na UL existe o Centro de Estudos Geográficos, uma grande referência para a Geografia, especialmente na Europa. Assim, documentos apresentados, formulários preenchidos, reunião ok, só faltava esperar o resultado e aí começaria uma infinidade de outras coisas para resolver.

Pra quem quiser saber mais sobre o Instituto de Geografia, clica aí ó : IGOT

E sobre outras faculdades, dá pra entrar nesse site aqui Universidade de Lisboa

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Pesquisas e pesquisas sobre as quintas de Lisboa

RESULTADO FINAL, NOME NA LISTA, INTERCÂMBIO AÍ VOU EU!

Primeiro passo: o VISTO!

Precisei tirar um visto de estada temporária. Você faz um cadastro online, preenche o requerimento de solicitação e agenda para ir ao Consulado. Você vai responder umas perguntas e nesse caso acredito que não haja muitos problemas, eles pegam leve quando é pra estudo (minha opinião). Há um prazo de 30 dias para eles autorizarem o visto. Mais informações aqui ó: Como tirar o visto.

Visto autorizado! uhhull! 

Hora de comprar a passagem: Hoje acho que paguei caro pela minha passagem e ainda assim foi a mais barata que encontrei. Fiz RJ – SP – Madri – Lisboa. Depois que cheguei em  São Paulo ainda esperei 11 intermináveis horas para pegar o voo para Madrid. Nesse caso, não tem muito o que fazer. Você tem aquelas datas e precisa ir, então, parcele e seja feliz! Eu comprei minha passagem pela CI. Lembro até hoje da sensação que tive quando fechei a passagem. Uma mistura de medo, entusiasmo e ansiedade. Mas é como sempre digo pra mim mesma: VAI QUE O MUNDO É TEU E VOCÊ É DELE.

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Segundo passo importante: É OBRIGATÓRIO um seguro saúde. Existe um seguro chamado PB4. O Brasil tem convênio com o INSS de 8 países e Portugal é um deles. Você precisa recolher alguns documentos no INSS mas eu particularmente não sei bem como funciona pois optei por não fazê-lo. Eu fiz o meu seguro pela PORTO SEGURO. Precisei usar pois meu siso inflamou muuito e não tive problemas com eles. Vale a pena conferir se o seu seguro funciona a partir de reembolso. Eu não gosto dessa opção por motivos óbvios de VAI QUE EU NÃO TENHO DINHEIRO NA HORA??!!. A Porto Seguro não funciona assim. Você é atendido e sai de lá sem nem botar a mão no bolso.

Uma grande preocupação que eu tinha era com o dinheiro. Diferente do programa Ciências sem Fronteiras, a bolsa que eu receberia não seria o suficiente para todos os gastos, desde a passagem até o dia a dia lá. Não lembro ao certo quanto juntei, mas consegui economizar bastante quando optei por dividir o quarto com mais uma pessoa. Os aluguéis de quartos em Lisboa giravam em torno de 250 euros no básico do básico e dividindo o quarto, consegui pagar 180.

Eu procurei os quartos no BQUARTO e no EASYQUARTO e assim encontrei o meu quartinho dos sonhos que tinha ainda uma parte reservada para a escrivaninha. Tudo o que eu queria.

Minha dica é: PESQUISE MUITO!

É cansativo, bate um desânimo às vezes, mas é melhor do que depois você achar uma oportunidade ótima quando já fechou o quarto e ficar se remoendo por causa disso.  Vá no googlemaps, veja o bairro, pesquise se tem comércio perto, se é perigoso, se é uma rua mais movimentada, coisas do tipo. Quando eu cheguei na casa, parecia que eu já tinha estado ali de tanto que fuçei na internet rs e senti que fiz a escolha certa.

Meu quarto ficava em um apartamento com um total de 4 quartos para 2 pessoas cada. Depositei um cheque caução pela Western Union e fosse o que Deus quisesse. FOI ÓTIMO!

Foi um grande achado e uma ótima surpresa pelas pessoas maravilhosas com quem convivi!

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Vista do meu quarto. Obras para uma nova saída do metro.

Meu quarto pelos próximos 6 meses: FECHADO!

Quanto aos demais gastos, eu estabeleci metas para transportes, passeios, mercado, faculdade, compras. Sou uma pessoa controlada, então tudo ficou nos conformes.

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Eli, Rui, Miguel, Mariana: com quem dividi os seis meses

Como eu acessava o meu dinheiro

Levei um cartão chamado VISA TRAVEL MONEY (VTM). Meu pai entrava em contato com a CI, que foi por onde eu fiz o cartão, eles passavam a cotação do euro (obviamente mais caro que o normal, mas fazer o que né?!), meu pai depositava e enviava o comprovante e eles depositavam o dinheiro no cartão. Dá pra você sacar ou usar como débito. Sem dúvidas foi uma escolha super acertada! É um cartão como este da foto abaixo.

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Exemplo de VTM

É isso aí! Pendências resolvidas, passagem comprada, seguro viagem ok, VTM no bolso e mochila nas costas! Partiu Portugal!

No próximo post, Lisboa vem aí!

 

BeiJÚ